littleselkie:

earhartsease:

nohoperadio:

A spoon’s only objective in life is to make soup go upwards, and it knows this. That’s why when you put one under a running tap it blasts the water way high. The spoon thinks there’s suddenly TONS of soup to deal with and it freaks out.

spoon under a tap:

for this was I made

I read this post aloud to my roommates earlier, and one of them said “now I feel bad about waterboarding my spoons in the sink.”

Devan Suber, para a Polygon:

The much-beloved AMC show made no secret of the fact that it was never really about the technology covered in a season; in the words of Joe MacMillan (Lee Pace), the computer was always “the thing that gets us to the thing,” a vector for connection, expression, or some other deeper human need.

Uma encapsulação perfeita de uma das minhas séries favoritas. Halt and Catch Fire sempre capturou muito bem seus personagens como os desbravadores do início da computação pessoal: querendo criar tecnologia para conexão e expressão, e a empolgação deles de encontrar aquela nova fronteira – como se fosse a criação de um novo idioma, a descoberta de um novo continente. Já dá vontade de rever.

O melhor ensaio que eu leio em muito tempo, Maria Farrell e Robin Berjon analisam a web como um ambiente, e como eles realmente pode ser “salva”: como uma floresta, não é salvando uma ou outra árvore, ou espécie — mas tentando manter todo o ecossistema vivo e sustentável. Cuidando dos protocolos, dos serviços, dos sites e das pessoas.

Madison Butler, para o Sidequest:

But while getting to 5 Dogwood Drive is the goal of the game, it isn’t the point of it. […] Financial instability keeps the characters forever caught in the liminal space that stretches between one stage of life and the next. The uncertainty makes each choice feel weighty yet meaningless at the same time. Ultimately their fates are shaped—some more bluntly than others—by capitalism’s hand, which lends the narrative a unique anxiety.

The liminal state, as defined by anthropologist Victor Turner, is the period of in-betweenness and transition from one stage to another; liminal personae do not abide by the rules and groups that determine social order elsewhere.

Kentucky Route Zero takes on liminality as defined by two different anthropologists. The first definition is by Victor Turner, who defined liminality as the period of time a person spends between two states or stages of life. The second is what anthropologist Paul Rabinow called purgatorial anxiety, a type of liminality characterized by a feeling that the future is on the line. One important aspect of Turner’s definition of liminality is that personal or social transformation awaits liminal personae on the other side; for better or worse, their lives will somehow change from one stage to the next.

Dr. Susan Merrill Squier argues the heightened stake in the future is the key difference between Turner’s liminality and Rabinow’s purgatorial anxiety. In Liminal Lives: Imagining The Human At The Frontiers Of Biomedicine, she writes, “The liminal is an arena of possibility, the purgatorial is an arena of responsibility.” Turner’s liminality is one of potential; in Kentucky Route Zero, the night takes characters to the most unexpected places. Rabinow’s liminality is one of reckoning; the morning comes and the characters have to make decisions that will determine their futures.

[…] The game asks a lot of both its characters and its audience; it asked me to consider questions big and small, many explicit and some implied. But mostly it asked me to observe, without affecting in any meaningful way, its narrative and outcome. I could change the tone of the scene by choosing a slightly more positive or negative response, but Conway was always going to end up at Hard Times Distillery and Shannon’s livelihood was always going to hang in the balance. The audience, like the skeletons who work for the distillery and the ghosts who roam the town and the characters who live in it, is trapped in a state of purgatorial anxiety. We can only guess what happens to Shannon, Ezra, and the others once the curtains have closed and the game has ended.

If music is a ritual of goodbyes, it is also a ritual of beginning. Kentucky Route Zero leaves so much open to interpretation, but in asking me to imagine a future, it gave me the space to imagine a better one, one where the pain and hardship are worth it—a future worth fighting for.

![“Nós não perdemos nada”, disseram as cabeças tristes, cansadas, baixas.

“Nós não perdemos nada, aqui apenas faltou luz por uns dias”

“Apenas não tive água”

“Apenas fiquei uns dias ilhada com meu bebê de dois anos”

“Apenas precisei sair e buscar abrigo em um local não alagado”

— Ariane (@arianedocarmo) May 24, 2024](https://64.media.tumblr.com/cfa8cba033a4e0a9064b9cae8e35ea5b/ed3f290de93b8948-16/s640x960/11d6e532b63285b1c6074968d4158ed496806877.jpg)

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![“Mas nós, nós não perdemos nada. Pois há outros que perderam bens, perderam casas, perderam histórias, perderam vidas. Então isso, isso não é nada. E eu nem sei porque estou tão triste.”

— Ariane (@arianedocarmo) May 24, 2024](https://64.media.tumblr.com/cc03cc16b8a20543dad4944658a3005a/ed3f290de93b8948-b6/s640x960/a02346676e625e03e29ddb0693e1d24b8e21faed.jpg)

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![Dissemos nós, cercados por lama, sem perceber que nessa enchente perdemos tanto que até nossos padrões do que é sofrer foram reduzidos.

— Ariane (@arianedocarmo) May 24, 2024](https://64.media.tumblr.com/7ae34ed97173bd7e8bb4af45b94f74bf/ed3f290de93b8948-fb/s640x960/f34d499bdd474354c2d8425e211b5255fda83702.jpg)

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Lembrete: se você quiser fazer pesquisas no Google e não ser bombardeado com os resumos gerados por IA, clipes da web nem outros recursos inúteis, você pode adicionar o parâmetro &udm=14 no fim da URL.

(É possível adicionar o parâmetro também no mecanismo de busca do navegador, pra que pesquisas sejam feitas assim automaticamente).

Como eu blogo por aqui

O Ghedin trouxe pra esse lado da internet uma corrente gringa de como é o fluxo para blogar.

Eu posto no Tumblr, o que é mais fácil. Alguns posts mais breves surgem do celular ou do navegador mesmo (como uma foto ou uma efêmera). Esse é um deles.

No geral, os textos mais longos são criados de outra forma. Eu demoro pra escrever, então eles nascem e são publicados usando o MarsEdit, onde eu costumo editar meus posts e gerenciar suas tags. O suporte a Markdown na nova versão do MarsEdit melhorou muito, e acho um fluxo de escrita muito melhor que o editor de blocos padrão do Tumblr.

Eu desenvolvi o tema do meu blog pensando nisso. O MarsEdit usa a forma “antiga” de tipos de post do Tumblr, e eles possuem variáveis de template específicas. Já o NPF, o novo formato de posts que é gerado pelo editor de blocos nativo do Tumblr, usa somente o formato de texto com uma estrutura específica, com classes CSS para formatação. Eu basicamente “copiei” a estrutura gerada pelos blocos de link, vídeo, áudio e citação do NPF para o formato clássico. Assim eu posso ter um CSS único para os dois formatos de publicação.

Eu já mantive esse blog com WordPress e com o Jekyll no GitHub Pages, mas a versatilidade de usar o Tumblr no celular para postar uma efemeridade e a simplicidade do seu motor de temas comparado ao Gutenberg nos dias de hoje me trouxe a falta de preocupação que faltava. Domínios personalizados de graça foi um extra (hoje em dia esse é um recurso pago por aqui, mas como fiz o mapeamento há muito tempo, eles mantiveram como algo gratuito).

Casa

Já faz um tempo que eu me planejo pra escrever sobre a minha casa. Ela tem sido um “projeto de vida” imenso para mim, e o meu foco principal nesses últimos três anos. Minha casa revelou tanto de mim para mim mesmo, e me confortou em tantos momentos (em tão pouco tempo!), e foi o lugar que eu mais encontrei alegria em meus dias.

Eu tenho pensado em escrever sobre tudo isso por um tempo já. E daí a enchente veio.

Minha casa não foi afetada pela tragédia. Eu estou a salvo nela de novo. Mas, por quinze dias, eu tive que deixá-la. Eu passei duas semanas longe dela (não é muito tempo!), mas o alívio de vê-la de novo só assentou em mim ao ver as fotos da vida que eu construí nela em suas paredes. Eu estava em casa.

Essa é uma história feliz em meio a muitas histórias tristes, terríveis, de pessoas perdendo suas casa e suas vidas. Algumas estavam reconstruindo-as desde a última enchente, e a água veio e levou tudo de novo. Eu vejo as pessoas sendo salvas ou encontradas nas ruínas de suas próprias casas. Eu vejo cachorros e gatos e galinhas e porcos e cavalos lutando para sobreviver. Alguns são resgatados. Outros não conseguem encontrar abrigo a tempo. É tudo tào triste, é tudo tão trágico. Tudo o que eu faço para ajudar não é muito. É uma tragédia que me lembra sempre da pequenez da minha existência quando estou sozinho. Um pouco de doações aqui e ali parecem pequenas gotas em um balde vazio. Eu posso passear com os cachorros abrigados, doar algum dinheiro e comprar algumas coisas para os abrigos. E então eu volto para casa, e o som da chuva — que já foi meu som favorito para ir para a cama — assombra minha noite.

Eu e alguns amigos deixamos nossas casas bem rápido. Eu já estava sem luz e sem água por três dias quando nós decidimos deixar Porto Alegre. Meu prédio já estava vazio. Todos deixaram e dormir em um prédio vazio em um bairro alagado ficou preocupante. Eu moro no centro, o que me fez no passado desejar que o bar ao lado da minha casa fechasse mais cedo, ou que as pessoas falassem mais baixo. Mas depois de dias (e, agora, semanas) dormindo no silêncio completo de um bairro esvaziado, eu sinto falta do barulho reconfortante de viver ao redor das pessoas.

Eu lembro que eu coloquei minhas plantas na minha sacada, para que a água da chuva pudesse molhá-las enquanto eu estava fora. Eu fechei minhas janelas, e deixei minha geladeira (já esvaziada) aberta. E então eu fui para a casa de minha amiga, onde eu dormi na sala para que pudéssemos sair na primeira hora da manhã.

Eu viajo nas minhas férias, e vou visitar meus pais nos fins de semana. Deixar minha casa nunca foi um drama antes, mas era um sentimento diferente dessa vez. Já dava para perceber como a cidade que eu estava deixando não era a mesma na qual eu vivia. A escuridão e o silêncio pairavam sobre ela, cercados pela água e pelo lodo.

É devastador. Pelos próximos dias, nós assistíamos as notícias e a destruição total de tudo ao redor de nossas casas — bairros alagados em menos de uma hora, cidades inteiras destruídas, algumas pela terceira vez em menos de um ano. Pessoas perdidas, pilhas de corpos de animais aparecendo.

Eu sou muito sortudo de ter uma casa para voltar enquanto abrigos estão cheios de pessoas que não sabem se suas casas ainda existem, ou já sabem que precisarão começar de novo, de novo. Quando eu voltei, eu liguei as luzes e o barulho da minha casa, silenciado por semanas, começou de novo. Eu coloquei minhas plantas de volta em seus lugares, lavei a louça que estava acumulada pela falta d’água, e sentei na minha mesa e olhei para as fotos dos momentos vividos nesse mesmo lugar. As memórias que essa casa me deu. E então eu chorei.

Eu tenho chorado aqui e ali desde então, pelas menores e maiores das razões. Pelas histórias que eu ouço, de salvamentos e de perdas. E por detalhes que eu amo na minha casa.

Pelos últimos três anos, eu venho construído ela devagar, mas com carinho. Em troca, ela me revela coisas sobre mim — como eu organizo as coisas, ou o que eu acho bonito ou interessante. E, lentamente, essa casa me dá conforto, e me dá meu reflexo em suas paredes e nas coisas que habitam ela. E então me dá memórias de como era antes, e o que mudou para me fazer querer mudá-la. Ela é, literalmente, tudo pra mim.

E eu não consigo imaginar a dor que seria de perdê-la, mas eu vejo essa dor em todo o lugar, o tempo todo, ao redor. Ela é silenciosa e escura. Ela cheira a lodo e a animais mortos. Eu a vejo quando atravesso as ruas do centro e o barulho da água aparece. Ela é a fome, o frio e o medo. E ela tá em todo o lugar ultimamente.